10 Mitos e Verdades Sobre o Uso do CPAP no Tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono
O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é considerado o tratamento
padrão-ouro para apneia obstrutiva do sono (AOS), uma condição crônica que
causa interrupções na respiração durante o sono e está associada a riscos
elevados de doenças cardiovasculares, metabólicas e cognitivas.
Apesar da eficácia comprovada, muitos pacientes resistem ao início ou à
continuidade do tratamento devido a crenças equivocadas. A seguir,
desmistificamos os 10 mitos mais comuns sobre o uso do CPAP, com base em
evidências clínicas e orientações de especialistas.
1. “O CPAP é desconfortável e impede o sono.”
Embora a adaptação inicial possa causar certo incômodo, a maioria dos pacientes
se acostuma ao uso em poucas semanas. A escolha correta da máscara e o
suporte técnico adequado são fundamentais para uma boa adaptação.
2. “Apenas pessoas idosas usam CPAP.”
A apneia obstrutiva do sono pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive
jovens e crianças. Fatores como obesidade, estrutura facial, uso de álcool e
sedativos, além de histórico familiar, influenciam na ocorrência da doença.
3. “Se estou me sentindo melhor, posso interromper o uso.”
A melhora dos sintomas está diretamente relacionada ao uso contínuo do CPAP.
A apneia do sono é uma condição crônica que exige tratamento constante para
manter os benefícios alcançados.
4. “O CPAP faz barulho e atrapalha o sono.”
Os aparelhos modernos operam com níveis de ruído muito baixos, semelhantes
a um sussurro. Em muitos casos, o parceiro também relata melhora no sono,
devido à eliminação do ronco.
5. “Usar CPAP é sinal de fraqueza ou dependência.”
O uso do CPAP representa um compromisso com a própria saúde. Assim como
óculos corrigem a visão, o CPAP corrige uma dificuldade mecânica na respiração
durante o sono. Não se trata de dependência, mas de tratamento.
6. “Se não ronco, não tenho apneia.”
Nem todos os pacientes com apneia roncam. Sintomas como cansaço excessivo,
sonolência diurna, dor de cabeça matinal e alterações de humor também podem
estar presentes mesmo sem o ronco característico.
7. “Terei que usar o CPAP para sempre.”
O uso contínuo é recomendado na maioria dos casos, mas pode ser reavaliado
em situações específicas, como após perda significativa de peso ou cirurgias
corretivas. A decisão deve ser sempre baseada em nova polissonografia e
avaliação médica.
8. “O CPAP causa dependência.”
Não há qualquer efeito de dependência fisiológica. A sensação de “não conseguir
dormir sem” está relacionada à melhora na qualidade do sono e à percepção do
bem-estar, não a uma dependência real.
9. “Não consigo usar porque tenho claustrofobia.”
Existem diferentes modelos de máscara, incluindo as que cobrem apenas as
narinas. Além disso, a dessensibilização gradual e o acompanhamento
profissional ajudam pacientes com ansiedade ou claustrofobia a se adaptarem ao
tratamento.
10. “O tratamento é caro e inacessível.”
Apesar do custo inicial, o tratamento com CPAP tem excelente custo-benefício,
considerando a prevenção de complicações graves de saúde. Há também opções
de aluguel, financiamento e cobertura por planos de saúde.
O sucesso do tratamento com CPAP depende não apenas da prescrição médica,
mas da compreensão do paciente sobre a importância do uso contínuo. Combater
os mitos é essencial para melhorar a adesão e, consequentemente, a qualidade
de vida das pessoas com apneia obstrutiva do sono.
Referências
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