Hipertensão e Apneia do Sono: uma relação perigosa para a saúde cardiovascular

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Hipertensão e Apneia do Sono: uma relação perigosa para a saúde cardiovascular

A hipertensão arterial é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo e representa um dos principais fatores de risco para complicações cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Trata-se de uma condição silenciosa, que muitas vezes se desenvolve de forma assintomática, mas exerce grande impacto sobre a saúde dos vasos sanguíneos e do coração. Estima-se que aproximadamente um terço da população adulta brasileira seja hipertensa, e o controle adequado da pressão arterial é um dos maiores desafios de saúde pública.

Nos últimos anos, pesquisadores têm identificado a apneia obstrutiva do sono (AOS) como um dos fatores associados ao desenvolvimento e à piora da hipertensão. A AOS é caracterizada por repetidas pausas na respiração durante o sono, decorrentes do colapso parcial ou total das vias aéreas superiores. Essas interrupções provocam quedas nos níveis de oxigênio no sangue (dessaturações), despertares frequentes e fragmentação do sono, afetando a saúde de forma sistêmica. 

O elo entre a hipertensão e a apneia do sono pode ser explicado por diversos mecanismos fisiopatológicos. Durante os episódios de apneia, ocorre ativação do sistema nervoso simpático, levando à liberação de adrenalina e noradrenalina, hormônios que aumentam a frequência cardíaca e promovem vasoconstrição. Esse estímulo repetitivo, noite após noite, contribui para elevação persistente da pressão arterial, mesmo durante o dia. Além disso, a hipóxia intermitente estimula processos inflamatórios, aumento do estresse oxidativo e disfunção endotelial, todos fatores que prejudicam a regulação da pressão sanguínea. 


Outro aspecto importante é que pacientes com AOS frequentemente apresentam resistência ao tratamento anti-hipertensivo, ou seja, mesmo com o uso de medicamentos, a pressão arterial pode permanecer elevada. Isso reforça a necessidade de investigar a presença de apneia do sono em indivíduos hipertensos, especialmente naqueles que não conseguem atingir o controle adequado da pressão. Estudos apontam que até 50% dos pacientes com AOS apresentam hipertensão, e que o tratamento com CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) pode ajudar a reduzir os níveis pressóricos, principalmente em casos de hipertensão resistente. 


Portanto, entender essa relação é fundamental não apenas para o diagnóstico e tratamento da hipertensão, mas também para a abordagem integral do paciente. O tratamento da apneia do sono, aliado ao acompanhamento médico, uso adequado de medicamentos e mudanças no estilo de vida, pode representar uma importante estratégia para reduzir riscos cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida.

 

 

Referências 
● SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz Brasileira de Hipertensão 
Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2020;116(3):516-658. 
● SOCIEDADE BRASILEIRA DO SONO. Recomendações para o diagnóstico e 
tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono em adultos. Revista Brasileira de Medicina 
do Sono. 2022. 
● PEPPARD, P. E. et al. Prospective study of the association between sleep-disordered 
breathing and hypertension. New England Journal of Medicine. 
2000;342(19):1378-1384. 
● FLETCHER, E. C. Sympathetic activity and blood pressure in the sleep apnea 
syndrome. Respiration Physiology. 2000;119(2-3):171-179.

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